Acompanhe abaixo um pequeno trecho do livro "Um Sonho com Deus" do artista Dude Xavier.

Neste exato momento, a voz de Jackson emudeceu e sua imagem desapareceu no ar. Augusto ficou só. Olhou para o local onde estavam os anjos superiores e os viu desaparecerem qual o apagar de uma luz. As palavras de Jackson foram entendidas por Augusto. O dia se fez noite em segundos. Augusto sentiu grande sonolência, recostou em uma árvore e adormeceu sob o efeito de um aroma delicioso que chegava às suas narinas. Imaginou-se anjo e sonhou com Deus, em seu devaneio pegava uma caneta e papel e começava a escrever.

“Sabe? Dentro de mim tem um pássaro. As asas enormes e brancas me levam e elevam meu espírito. Um dia tive um sonho. O de acordar e ver uma flor sorrindo pra mim, só pra mim, meio egoísta, né? Como se no mundo nada mais importasse, apenas o doce prazer de ver uma flor sorrir. Pelo sorriso dela eu viveria intensamente um grande amor, e nele plantaria meus sentimentos mais profundos, para que ficassem ali, perpetuados no sorriso de uma flor. Assim, ouvi a voz de Deus a me dizer: “AME, PORQUE O AMOR É O SENTIMENTO MAIS SUBLIME DO SER HUMANO”. As palavras de Deus ficaram em minha mente, mesmo após eu ter acordado. Levantei-me. Coloquei os pés nos chinelos e parti para um banho matinal. Seria igual a tantos, mas naquele dia foi especial. A água morna caindo sobre meus ombros, os olhos fechados e um mundo totalmente diferente. Uma gostosa sensação foi tomando conta do meu ser. Um passarinho pousou na janela do banheiro e trazia consigo uma flor no bico. Eu estava sem os óculos. Forcei bem a vista e vi. Outro não acreditaria no que assisti. Uma flor sorrindo. Isso mesmo, ela sorria e para mim, e a ave disse-me assim: “VIM TRAZER O SORRISO DO AMOR PARA VOCÊ”. Neste exato momento, da flor emanou uma luz forte, quase me cegando ainda mais, e foi penetrando por meus olhos, invadindo meu ser. Eu estava todo tomado da luz do amor. Os poucos segundos que se seguiram eu não saberia expressar em palavras, tamanha a emoção em que estive envolvido. Deus havia me enviado o seu anjo, para que eu pudesse amar, de verdade. O passarinho beijou-me a face e desapareceu no ar. Fechei a água e me vesti. Naquele dia eu escolhi uma roupa branca para usar. Sentia-me leve como o vento. Meio hipnotizado, caminhei lentamente até a janela do meu quarto, e...comecei a voar. Duas asas enormes e brancas, levavam-me cada vez mais longe. Eu não sentia medo, só prazer. O prazer de voar. O céu lá em cima é igual ao que a gente vê daqui da terra, mas a terra vista de cima é diferente. Ela fica indefesa, só, insignificante, parece não ter vida. Eu voava sempre em frente, parecia que ia bater com a cabeça no céu, como se isso fosse possível. Até que cheguei a um lugar. Fui recebido por um senhor bem idoso, um olhar sereno. Ele levou-me até a parte principal deste lugar. Vi, com olhos de um simples mortal, os anjos de Deus. Voavam descompromissados e sorriam...o tempo inteiro. A parte principal era um salão, enorme. Não tinha teto, não tinha parede. Então! Como eu sei que era um salão? Não me pergunte, mas sei que era. Tinha uma risca no chão, dali para frente eu tinha de caminhar sozinho. O senhor idoso deixou-me. Caminhei devagar, olhando tudo, não queria perder nada. Você já imaginou “Deus”? Pois é, nem eu havia imaginado até aquele dia. Eu estava ali, diante das obras de Deus. Olhei no fundo do salão...uma luz. Não, não era uma luz comum, era muito forte. Meus olhos humanos não conseguiam ver mais de perto, fechei-os. Mesmo fechados eu a sentia muito forte em minhas vistas, mas continuei caminhando em direção a ela. Ouvi uma música linda sendo tocada, acredito que por harpas, e fui seguindo o som, que aumentava aos poucos em meus ouvidos. A luz foi ficando tão forte, tão forte que não consegui avançar mais, mesmo com os olhos tapados, tive que parar. Virei-me. Abri os olhos. Minha visão agora era o contrário, o salão estava à minha frente, a luz vazava pelo meu corpo e formava um cenário lindo, vi muitas estrelas, apesar de ser dia, vi a lua repousando, vi o sol dando ordens, pois era ele quem reinava naquele momento, vi a chuva, vi o vento, vi o mar, vi o arco-íris sendo pintado pelos anjos, vi as flores da primavera, vi a neve do inverno, vi a escuridão da noite, vi a luz das manhãs, vi o orvalho, vi os animais e vi...o homem. No meio de tantas coisas belas, vi o homem e me entristeci. Dos meus olhos correram lágrimas. O homem que se acha tão poderoso e soberano não é nada diante de tudo que vi, ele estava pequenino, num canto, gritava, mas ninguém o ouvia, esbravejava e nada se movia, ordenava e ninguém o seguia. A sua mesquinhez era a única coisa que se mostrava forte. Deus falou-me: “OLHE TUDO À SUA VOLTA, O QUE TE MAIS CHAMA A ATENÇÃO?”. Respondi: “Senhor, o que mais me chama a atenção é ver o homem tão pequeno, diante de tanta maravilha”. Deus voltou a dizer: “...VAI, CARREGA CONTIGO O MEU AMOR, QUE TE FOI DADO PELO PÁSSARO, TODAS AS PESSOAS DEVEM CONHECER ESTE AMOR, SERÁS UM INSTRUMENTO EM MEIO ÀS INSATISFAÇÕES DOS HUMANOS, DOU-TE O CONCEITO DO FUTURO, PARA QUE ATRAVÉS DE TI O HOMEM POSSA VER OUTRAS POSSIBILIDADES. TERÁS A DOR DA SOLIDÃO, POIS NÃO TE PERMITO PERSONALIZAR O MEU AMOR. MAS PARA QUE POSSAS VOLTAR OS OLHARES HUMANOS EM DIREÇÃO A NOVAS POSSIBILIDADES, EU TE CONCEDO O DOM DA LIBERDADE, DE MODO QUE LIVRE, POSSA CONTINUAR A SERVIR A HUMANIDADE ONDE QUER QUE ELA NECESSITE DE TI...”. Fechei os olhos e rezei ali, todos os meus pecados foram-me mostrados, revi cada um deles e deixei-os, depois voei, leve como o vento...”.